[editar] Vírus da Poliomielite
- Grupo: Grupo IV ((+)ssRNA)
- Família: Picornaviridae
- Género: Enterovirus
- Espécie: Enterovirus poliovirus
O vírus não tem envelope bilipídico, é recoberto apenas pelo capsídeo e é extremamente resistente às condições externas.
É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre em adultos, como a transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa através de contato fecal-oral, o que é crítico em situações nas quais as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. Crianças de pouca idade, ainda sem hábitos de higiene desenvolvidos, estão particularmente sob risco. O poliovírus também pode ser disseminado por contaminação fecal de água e alimentos.
Todos os doentes, assintomáticos ou sintomáticos, expulsam grande quantidade de vírus infecciosos nas fezes, até cerca de três semanas depois da infecção do indivíduo.
Os seres humanos são os únicos atingidos e os únicos reservatórios, portanto a vacinação universal pode erradicar essa doença completamente.
Progressão e sintomas
O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias. A descrição seguinte refere-se à poliomielite maior, paralítica, mas esta corresponde a uma minoria dos casos. Na maioria o sistema imunológico destrói o vírus em alguma fase antes da paralisia (ver mais à frente).A infecção é oral e há invasão e multiplicação do tecido linfático da faringe (tonsilas ou amígdalas). Ele é daí ingerido e sobrevive ao suco gástrico, invadindo os enterócitos do intestino a partir do lúmen e aí multiplicando-se. As manifestações iniciais são parecidas com as de outras doenças virais. Podem ser semelhantes às infecções respiratórias (febre e dor de garganta, gripe) ou gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal). Em seguida dissemina-se pela corrente sangüínea e vai infectar por essa via os órgãos. Os mais atingidos são o sistema nervoso incluindo cérebro, coração e o fígado. A multiplicação nas células do sistema nervoso (encefalite) pode ocasionar a destruição de neurônios motores, o que resulta em paralisia flácida dos músculos por eles inervados.
As manifestações clínicas da infecção são variadas e podem ser descritas em quatro grupos:
- Doença assimptomática: mais de 90% dos casos são assimptomáticos, com limitação efectiva pelo sistema imunitário da infecção à faringe e intestino. Não há sintomas e a resolução é rápida sem quaisquer complicações.
- Poliomielite abortiva ou Doença menor: ocorre em 5% dos casos, com febre, dores de cabeça, dores de garganta, mal estar e vómitos, mas sem complicações sérias.
- Poliomielite não-paralítica com meningite asséptica: ocorre em 1 ou 2% dos casos. Além dos sintomas iniciais da doença menor, ocorre inflamação das meninges do cérebro com dores de cabeça fortes e espasmos musculares mas sem danos significativos neuronais.
- Poliomielite paralítica ou doença maior: de 0,1 a 2% dos casos. Após os três ou quatro dias depois dos sintomas iniciais da doença menor desaparecerem (ou cerca de 10 dias depois de se iniciarem), surge a paralisia devido a danos nos neurónios da medula espinal e córtex motor do cérebro. A paralisia flácida (porque os membros afectados são maleáveis ao contrário da rigidez que ocorre noutras doenças) afecta um ou mais membros, e músculos faciais. O número de músculos afectados varia de doente para doente e tanto pode afectar apenas um grupo discreto como produzir paralisia de todos os músculos do corpo. Se afectar os músculos associados ao sistema respiratório ou o centro neuronal medular que controla a respiração subconsciente directamente, a morte é provável por asfixia. A paralisia respiratória é devida à poliomielite bulbar, que afecta esses nervos: a taxa de mortalidade da variedade bulbar é 75%. As regiões corporais paralisadas conservam a sensibilidade. Se o doente sobreviver alguns poderão recuperar alguma mobilidade nos músculos afectados, mas frequentemente a paralisia é irreversível. A mortalidade total de vítimas da poliomielite paralítica é de 15 a 30% para os adultos e 2 a 5% para crianças.