Deficientes intelectuais escrevem manual que promove a inclusão :



"Mude seu falar que eu mudo meu ouvir' é um projeto da Carpe Diem "


Jovens autores do manual "Mude Seu Falar Que Eu Mudo Meu Ouvir" (Foto: Divulgação / Carpe Diem)

Jovens autores do manual 'Mude seu falar que eu mudo meu ouvir' (Foto: Divulgação / Carpe Diem)

ana Carolina, Beatriz, Cláudio, Carol e Thiago possuem muitas características em comum: são jovens, sonhadores, estudam, trabalham e todos nasceram com três cromossomos 21. Sim, todos têm Síndrome de Down, mas nunca deixaram que este fato se tornasse um obstáculo. Pelo contrário, se há um pensamento que os une é o de que a autonomia é primordial para promover a inclusão. Prova disso é que, juntos, e com suporte da psicóloga Carolina Yuki Fujihira formataram o manual "Mude seu falar que eu mudo meu ouvir", o primeiro livro sobre acessibilidade e comunicação escrito por pessoas com deficiência intelectual.
O manual aborda questões sobre a deficiência intelectual (Foto: Divulgação / Carpe Diem)
O manual destaca imagens e palavras conhecidas
facilitadores para uma comunicação mais eficaz
(Foto: Divulgação / Carpe Diem)
Idealizada pela Associação Carpe Diem e lançada em 2011, a edição aborda questões relacionadas ao cotidiano de pessoas com deficiência, provocando a ideia de que todos são capazes de realizarem qualquer atividade. “Fizemos encontros nos quais discutimos alguns assuntos e gravei tudo. Depois, transcrevi os depoimentos mais relevantes, exatamente do jeito que eles falaram, para que o leitor pudesse fazer parte deste diálogo, de igual para igual. É uma luta pela visibilidade”, comenta Carolina que também incluiu reflexões técnicas no manual.

Os autores reunidos na sede da ONU em Nova York, onde o manual também foi lançado em 2012 (Foto: Divulgação / Carpe Diem)
Para que o jovem com trissomia 21 seja visto socialmente é preciso que a própria comunidade reveja seus hábitos. Uma das principais constatações do manual é que é necessário adaptar a comunicação e que o uso de imagens é um grande facilitador. “É preciso fazer uso de uma linguagem simples. O que não quer dizer chula ou infantilizada, mas adequada, com palavras mais comuns e conhecidas. Falar um de cada vez, de maneira pausada, é outro ponto para se observar”, explica Nancy Pereira, coordenadora do Setor de Psicologia da Carpe Diem.
Quem concorda com a opinião da psicóloga é a Carol Maia, uma das autoras do manual, que também esteve presente no lançamento do livro na Conferência da ONU no ano passado, em Nova York. “Foi um momento muito emocionante, é uma conquista muito grande! Estávamos todos lá, com representantes de vários países, foi uma experiência muito rica”, conta a jovem aprendiz de 25 anos que divide seu tempo entre minicursos profissionalizantes (informática, gestão de negócios, etc) e o estágio em uma biblioteca. “Tenho o maior orgulho de ter ajudado a escrever o manual, é uma maneira de quebrarmos as barreiras e pedir para que cada um abra seu coração para as diferenças. Saio com meus amigos, viajo, estudo, trabalho... Nós que temos Síndrome de Down somos capazes de tudo”.
Acervo do Museu da Pessoa

Museu da Pessoa, que há 20 anos registra histórias de indivíduos para transformá-las em fontes de conhecimento, destacou em seu acervo relatos de gente que dedica parte de seu tempo a pessoas com Síndrome de Down.
Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo de relatos de vida. Toda e qualquer pessoa é convidada a contar histórias e a explorar o acervo de narrativas em textos, imagens, vídeos e áudios. E você pode participar dessa iniciativa contando sua história. Tem material relacionado a pessoas com Síndrome de Down? Envie para o Museu da Pessoa.

fonte : globo.com