A biblioteca do Memorial da américa Latina   agora é acessível para cegos

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Graças à implantação de tecnologia assistiva de baixo custo, scanner com voz sintetizada, praticamente todas as obras da biblioteca podem ser lidas por pessoas com deficiências.
A cidade de São Paulo tem uma nova biblioteca acessível. Trata-se da Biblioteca da Fundação Memorial da América Latina, com riquíssimo e farto acervo literário que registra a cultura, os costumes, o comportamento e a história dos povos latino americanos. Seu endereço virtual é: www.bvmemorial.fapesp.br.
O MOLLA, Movimento pelo Livro e Leitura Acessíveis no Brasil, luta e trabalha para que os livros sejam acessíveis para todas as pessoas, seja qual livro for, esteja ele onde estiver e principalmente no caso das pessoas que, acometidas por algum tipo de deficiência incapacitante ou que dificulte a leitura convencional, encontram-se excluídas dessa possibilidade.
A Biblioteca do Memorial da América Latina fica localizada dentro do complexo do Memorial, na Barra Funda, ao lado da estação de metrô de mesmo nome. Inclusive o complexo do memorial oferece acessibilidade até a biblioteca, saindo do metrô, por meio de piso tátil, além de rampas de acesso para cadeirantes e um banheiro super adaptado.
No entanto, mais do que acessibilidade física arquitetônica, podemos comemorar o fato de que a partir de agora praticamente 100% do catálogo daquela biblioteca passa a estar acessível também para pessoas com deficiência visual (cegos ou baixa visão), com dislexia, paralisias ou mobilidade reduzida, idosos, analfabetos, entre outros.
Graças à implantação de tecnologia assistiva de baixo custo, scanner com voz sintetizada, praticamente todas as obras da biblioteca podem ser lidas por pessoas com deficiências, que habitualmente estão excluídas da leitura impressa, principalmente, a leitura existente em espaços públicos como bibliotecas municipais, bibliotecas de escolas e universidades públicas, de centros culturais e demais espaços públicos ou privados destinados à leitura.
A exceção são as obras que por ventura existam no catálogo e que sejam constituídas apenas por fotos ou imagens, por não apresentarem texto que pode ser captado e lido pelo programa do scanner.
Por meio de um kit de acessibilidade simples, constituído de um computador, um scanner com voz sintetizada e um fone de ouvidos, uma pessoa que não enxerga ou tem dificuldade para ler os livros convencionais pode, de maneira autônoma e independente, digitalizar e ouvir o livro, por meio de uma voz feminina suave e clara. Pode também gravar o resultado da leitura e levar para casa para confecção de trabalhos científicos ou mesmo para montar uma biblioteca digital particular.
Assim, por exemplo, até mesmo uma pessoa totalmente cega, pode utilizar a biblioteca da mesma maneira que as pessoas videntes, lendo o que ela quiser, quando quiser e quantas vezes quiser, bastando uma ajuda do bibliotecário de plantão para retirar o livro desejado da prateleira. Nada de migalhas de leitura, como vemos em pouquíssimas bibliotecas da Prefeitura de São Paulo, que mantêm uma empoeirada estante contendo meia dúzia de livros braile, mas que ocupa 10 metros lineares de espaço, livros que geralmente nenhuma pessoa cega busca, justamente por não serem livros que as pessoas cegas precisam ou querem ler, mas sim, livros que alguém não cego, decidiu arbitrariamente que as primeiras precisariam ou gostariam de ler.
Após um longo trabalho de conscientização e convencimento que se iniciou em 2010, junto aos diretores e responsáveis pela biblioteca, os representantes do MOLLA conseguiram que mais esse espaço de informação, cultura e lazer, se tornasse, em 2012, acessível para pessoas com deficiência excluídas dos livros impressos.
Portanto, parabenizamos a persistência da gerente de biblioteca Aparecida Guimarães, que após tomar conhecimento dessa tecnologia , não poupou esforços para que ela fosse implantada em sua biblioteca. Compõe a equipe também o bacharel em Direito, Carlos Alexandre Campos, que é cego, sendo a pessoa responsável pelo treinamento da equipe da biblioteca e dos usuários, no uso do scanner e que pretende implantar softwares leitores de tela nos computadores que ficam a disposição do público para consulta local do acervo.
A biblioteca do Memorial da América Latina é temática, possuindo amplo e diversificado acervo de livros de autores latino americanos como Pablo Neruda, Garcia Marquez, entre outros expoentes da literatura Latino americana. Para consultar o acervo completo entre no seguinte endereço: http://www.bvmemorial.fapesp.br/php/level.php?lang=pt&component=17&item=117


Fonte: http://www.livroacessivel.org/