Educação de crianças com deficiências auditivas precisa de mais tecnologia.


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Pesquisadora percebeu que quando havia o uso de tecnologia em sala de aula, mesmo que eventual, o processo de alfabetização se tornava mais eficaz do que o método clássico.
O processo comunicativo no ensino-aprendizado de crianças surdas foi o tema da dissertação de mestrado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) da professora e jornalista Macri Elaine Colombo.
Durante um ano ela acompanhou em sala de aula, a metodologia de alfabetização usada pelos professores na escola estadual Augusto Carneiro dos Santos em Manaus (AM), onde com exceção de um professor que é surdo, os demais são ouvintes.
Apesar dessa diversidade, é importante ressaltar que ao contrário das crianças ouvintes, onde a primeira língua trabalhada é o português, a alfabetização de uma criança surda deve começar sempre pela Libras, a língua brasileira de sinais. No Brasil, a comunidade surda desenvolveu a Libras, assim como em outros países as comunidades locais desenvolveram sua própria língua de sinais. "Não dá para se ter uma boa comunicação se não houver um processo comunicativo, e a percepção do surdo é visual, por isso não adianta começar pelo português", destaca a jornalista.
Os benefícios da tecnologia na alfabetização dos surdos
Durante a pesquisa, foi verificado que a escola adota o método do bilinguismo, em que a criança aprende primeiro a Libras, e depois o português. Para isso, os meios visuais utilizados em sala de aula são tradicionais, como o uso de jornais, fotografias, revistas, que são aliados à comunicação por Libras. Mas numa época de crescentes avanços e investimentos em tecnologia e inovação, onde se fala muito em inclusão digital, Macri destaca que essa metodologia poderia ser mais compartilhada com recursos digitais.
Nesse mesmo grupo de estudo, a pesquisadora percebeu que quando havia o uso de tecnologia em sala de aula, mesmo que eventual, o processo de alfabetização se tornava mais eficaz do que o método clássico. Para a jornalista, a metodologia tradicional é pouco atrativa, as crianças passam muito tempo apenas desenhando ou pintado. "A absorção de conteúdo é muito mais rápida como uso de tecnologia, principalmente quando o recurso digital utiliza a Libras, a empolgação e a interação são bem maiores", completa.
Necessidade da inclusão digital
Apesar do uso do computador como ferramenta educacional ter se mostrado útil e proveitoso no processo de ensino-aprendizagem entre crianças ouvintes e surdas, a aplicação de tecnologias no processo de alfabetização de crianças surdas, ainda é muito pequena nas escolas públicas do Amazonas. A Sociedade Brasileira de Computação (SBC), sem seu documento "Grandes desafios da pesquisa em computação no Brasil", preconiza o acesso universal do cidadão brasileiro ao conhecimento, como uma das metas a serem atingidas com a ajuda da comunidade da Computação até o ano de 2016. Este tema reflete o aumento dos níveis de conscientização da população em torno do tema acessibilidade digital, considerando crianças com diferentes necessidades, dentre elas as crianças surdas.
Regulamentação da Libras no Brasil
A Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, a língua materna, natural dos surdos. Sua origem veio da Língua de Sinais Francesa. No Brasil, a Libras foi legalizada como forma de comunicação e de expressão dos surdos, a partir da sanção, no dia 24 de abril de 2002, da Lei n.o 10.436.

Fonte: CIÊNCIAemPAUTA (Rosimara Silva)